O Afilhado
«Hoje falamos do "afilhado", figura sempre presente na vida política, empresarial, académica e outros sectores da vida económica. Não falamos do filho do patrão pois neste caso está perfeitamente definido o estatuto e é completamente escusado reclamar dos privilégios que ele possa ter. O rapaz é o filho do chefe e acabou-se! Em relação ao "afilhado" a coisa muda porque ele é normalmente apresentado como um novo quadro na empresa, alguém de quem não se conhece nem passado nem habilitações. Mas como sempre dá-se o beneficio da dúvida a tão ilustre desconhecido que parece ter subido "a pulso", apertando as mãos de tanto chefe exigente e sorrindo, sorrindo sempre. Os problemas começam umas semanas depois quando o rapaz ( também existe a versão feminina) demostra ser um zero , um medíocre, um "cromo" da pior espécie. O trabalho nunca é feito por ele, para além de criar situações de falta e embaraço que os colegas têm de resolver. Passeia-se sempre perfumado, com ar de quem saiu do banho, passa a vida ao telemóvel namorando a Alzira e os outros transpirando pois não têm "padrinho". Este incompetente autorizado, tem o mau hábito de "vampirizar" o trabalho alheio e de recolher os louros de um sucesso e esforço que nunca é dele.
Outra versão é a do coitadinho, sempre cansado e deprimido, no trabalho, convencendo desta forma os colegas a trabalharem o dobro por ele. O atestado médico, o não levantar ondas, o encostar-se aos outros, disfarça a sua tendência inata para parasitar. Se um colega se mostra prestável agarra-se a ele como carraça e até o outro se fartar viverá feliz à sua custa. É comum afastar-se da vítima fingindo-se magoado com a falta de espirito solidário da mesma.
O "afilhado" é um instável e dificilmente aguenta uma bronca do chefe. Quando tal acontece, faz um ar contrafeito, simula uma demissão, faz uma birra, esboça um "beiço de bébé chorão" e convence o "padrinho" de que é um incompreendido. A crise resolve-se, é promovido e recebe um aumento. Para ele o horário de trabalho é "elástico", chega tarde e é sempre o primeiro a sair das reuniões olhando o relógio e queixando-se do quanto ainda tem que fazer. A sua mediocridade disfarça-a com uma gravata ao pescoço, um sorriso idiota nos lábios, três frases decoradas da revista empresarial, dois mestrados tirados numa universidade que ninguém conhece e um "ar de sedutor" que se não fosse pelo fato escuro e os óculos à intelectual, poderia ter sido extraído de uma novela venezuelana. O que irrita neste personagem é a sua simulação quase perfeita de que os problemas estão no mundo que o rodeia e não nele. Enquanto "trabalha" é comum vê-lo em frente ao computador jogando algo, cortando as unhas segurando o telefone com o ombro, enquanto tira as medidas a uma empregada da empresa que passa naquele momento. Ser "afilhado" é duro, o "padrinho "tem sempre razão, qualquer discordância com os métodos deste devem ser imediatamente comunicados por este espião a soldo que não hesita em "espetar a faca" nas costas de um colega para se tornar agradável. O "afilhado" não passa de apêndice do chefe, respira, caminha, fala, mas só a aerofagia é dele. Ele e o "lambe -botas" são os seres mais "rasteiros" neste jogo "profissional". O "afilhado", e ainda por cima medíocre, é um ser insubstituível em qualquer grande grupo de trabalho. Este "improfissional" faz cera como ninguém, puxa o lustro como ninguém, parasita como nenhum outro. Se o virem fazer algo, desconfiem, deve estar a querer convencer-vos de que vale a pena a sua companhia.»
Carlos Adaixo (Terras da Beira: 27/04/2000)
Outra versão é a do coitadinho, sempre cansado e deprimido, no trabalho, convencendo desta forma os colegas a trabalharem o dobro por ele. O atestado médico, o não levantar ondas, o encostar-se aos outros, disfarça a sua tendência inata para parasitar. Se um colega se mostra prestável agarra-se a ele como carraça e até o outro se fartar viverá feliz à sua custa. É comum afastar-se da vítima fingindo-se magoado com a falta de espirito solidário da mesma.
O "afilhado" é um instável e dificilmente aguenta uma bronca do chefe. Quando tal acontece, faz um ar contrafeito, simula uma demissão, faz uma birra, esboça um "beiço de bébé chorão" e convence o "padrinho" de que é um incompreendido. A crise resolve-se, é promovido e recebe um aumento. Para ele o horário de trabalho é "elástico", chega tarde e é sempre o primeiro a sair das reuniões olhando o relógio e queixando-se do quanto ainda tem que fazer. A sua mediocridade disfarça-a com uma gravata ao pescoço, um sorriso idiota nos lábios, três frases decoradas da revista empresarial, dois mestrados tirados numa universidade que ninguém conhece e um "ar de sedutor" que se não fosse pelo fato escuro e os óculos à intelectual, poderia ter sido extraído de uma novela venezuelana. O que irrita neste personagem é a sua simulação quase perfeita de que os problemas estão no mundo que o rodeia e não nele. Enquanto "trabalha" é comum vê-lo em frente ao computador jogando algo, cortando as unhas segurando o telefone com o ombro, enquanto tira as medidas a uma empregada da empresa que passa naquele momento. Ser "afilhado" é duro, o "padrinho "tem sempre razão, qualquer discordância com os métodos deste devem ser imediatamente comunicados por este espião a soldo que não hesita em "espetar a faca" nas costas de um colega para se tornar agradável. O "afilhado" não passa de apêndice do chefe, respira, caminha, fala, mas só a aerofagia é dele. Ele e o "lambe -botas" são os seres mais "rasteiros" neste jogo "profissional". O "afilhado", e ainda por cima medíocre, é um ser insubstituível em qualquer grande grupo de trabalho. Este "improfissional" faz cera como ninguém, puxa o lustro como ninguém, parasita como nenhum outro. Se o virem fazer algo, desconfiem, deve estar a querer convencer-vos de que vale a pena a sua companhia.»
Carlos Adaixo (Terras da Beira: 27/04/2000)
Falas do Bruno Almeida?
Posted by Anónimo | segunda ago. 29, 12:26:00 da tarde 2005